Pesquisadores sugeriram uma nova explicação para diversas ondas de mortes registradas durante a era romana. Segundo um novo estudo, os óbitos teriam sido causados por doenças que se originaram a partir da diminuição das temperaturas.
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Variações climáticas na era romana
- A pesquisa relaciona períodos de variação climática com proliferações de doenças e descobriu que as três maiores pandemias da era romana ocorreram durante algumas das ondas de frio mais intensas já registadas.
- A conclusão dos pesquisadores se deu após análises de sedimentos escavados no Golfo de Taranto, no sul da Itália.
- Esta área captura sedimentos lavados do rio Pó e de outros rios que drenam as montanhas dos Apeninos, o coração do Império Romano.
- O estudo foi publicada na revista Science Advances.
- As informações são da Live Science.
Ondas de frios facilitaram propagação de doenças
Os pesquisadores usaram várias pistas dentro dos núcleos para combinar as camadas de sedimentos com anos específicos. Os principais dados vieram do vidro vulcânico, que pode ser quimicamente atribuído a erupções conhecidas, entre elas a do Vesúvio, em 79 d.C., que destruiu a cidade romana de Pompéia.
Para reconstruir a temperatura e a precipitação daquele período, a equipe recorreu a pequenos organismos chamados dinoflagelados preservados no sedimento. No final e início do outono, os dinoflagelados se transformam em um estado de repouso conhecido como cisto, que pode ser preservado no registro fóssil.
Os resultados mostraram um período climático estável entre 200 e 100 a.C., seguido por uma série de eventos de baixas temperaturas. Entre 160 e 180 d.C., por exemplo, houve uma onda de frio intensa e duradoura e que coincidiu com a Peste Antonina, pandemia trazida ao império quando os exércitos romanos retornaram da Ásia Ocidental. A doença foi causada por um patógeno desconhecido que causou sintomas como febre, diarreia e pústulas na pele. Os especialistas acreditam que pode ter sido varíola ou sarampo.
Outro período de frio intenso ocorreu entre 245 e 275 d.C. Novamente, ele coincidiu com uma pandemia, conhecida como a Peste de Cipriano. Os registos históricos revelam que esta doença causava vômitos, diarreia e por vezes putrefação dos membros. Os historiadores também não sabem o que causou a doença, mas especulam que poderia ter sido sarampo, varíola ou algum tipo de febre hemorrágica.
Finalmente, o registo ambiental sugere outra onda de frio após 500 d.C., coincidindo com a Pequena Idade do Gelo da Antiguidade Tardia. Em 541 d.C., o primeiro surto de peste bubônica atingiu o oeste da Eurásia. A Peste de Justiniano, como é conhecida, foi a precursora da Peste Negra que devastaria a Europa no século XIII.
Segundo os pesquisadores, numa sociedade agrícola como era a Roma antiga os agricultores podem ter tido dificuldades para produzir colheitas suficientes nos períodos de muito frio, levando à desnutrição que deixou as pessoas suscetíveis a doenças.
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