Após passar um século desaparecida, a pintura “Retrato da senhorita Lieser”, de Gustav Klimt, simplesmente reapareceu. Avaliada em cerca de 50 milhões de euros (mais de R$ 266 milhões), a obra de arte agora será leiloada em Viena.
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Pintura de Gustav Klimt
- A pintura foi encomenda por uma família de industriais judeus, mas acabou parando nas mãos dos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.
- Não se sabe ao certo quem é a modelo ou onde a obra esteve nos últimos 100 anos.
- O trabalho de Gustav Klimt tem 140 por 80 centímetros e mostra uma mulher jovem em uma pose frontal sobre fundo vermelho.
- Ao redor de seus ombros há uma capa ricamente decorada com flores.
- A peça será vendida pela casa de leilões de Viena im Kinsky no próximo dia 24 de abril.
- A expectativa é que a pintura possa ser arrematada por um valor próximo dos 70 milhões de euros (mais de R$ 370 milhões).
- As informações são da revista IstoÉ.
Historia da obra
A peça em questão está envolvida em muito mistério. É quase certo que Klimt começou a trabalhar nela em maio de 1917, nove meses antes de sua morte. A pintura foi encomendada por um membro dos Lieser, uma família de grandes industriais judeus do então Império Austro-Húngaro, que mais tarde sofreu perseguição e espoliação nazista.
O fundo da obra, mas não a figura feminina, ficou inacabado após a morte do pintor, em 1918. A pintura, então, foi devolvida nesse estado aos proprietários.
Durante muito tempo, pensou-se que a modelo fosse Margarethe Constance, filha de Adolf Lieser, que posou no estúdio vienense de Klimt. Mas também é possível que ela seja uma das filhas de Lilly Lieser, cunhada de Adolf.
Há uma fotografia em preto e branco da pintura, tirada em 1925 como parte dos preparativos para uma exposição, junto com uma anotação informando que a proprietária da pintura é “senhora Lieser” e um endereço em Viena onde se sabe que Lilly Lieser viveu.
A partir daí, o paradeiro exato da peça é desconhecido. Lilly, que era uma entusiasta patrocinadora de pintores e músicos e amiga da compositora Alma Mahler, teve seus bens roubados e saqueados pelos nazistas quando a Áustria aderiu ao Reich alemão em 1938.
Em 1942, ela foi deportada e assassinada em um campo de extermínio. Suas filhas conseguiram fugir da Áustria e, após o fim da guerra, pediram a restituição da propriedade da mãe, mas a pintura não é mencionada nesse arquivo, nem há qualquer registro de que tenha saído do país.
Segundo o catálogo sobre a peça divulgado pela casa de leilões, a pintura “voltou ao mercado” em algum momento indeterminado entre 1925 e meados da década de 1960, quando foi localizada na sala de estar de uma mansão particular perto de Viena. A obra então teria sido adquirida por uma família naquele período e passada de geração em geração até o atual proprietário, um austríaco cuja identidade não foi revelada. Ele teria recebido a peça como parte de uma herança de parentes distantes dois anos atrás.
Análises da pintura mostram que ela está em condições quase perfeitas e que Klimt quase não fez modificações durante a pintura. Antes de ir a leilão, a obra será exibida em países como Suíça, Alemanha, Grã-Bretanha e Hong Kong.
Klimt continua sendo um dos artistas mais procurados na atualidade. Em junho de 2023, “Dama com um leque”, o último retrato que pintou, foi vendida por 99,2 milhões de euros (R$ 529 milhões), tornando-se a obra de arte mais cara já vendida na Europa.
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