Entendida como o ato de deixar para depois aquilo que deve ser feito agora. A procrastinação é muito mais do que apenas preguiça ou irresponsabilidade. Afinal, na grande maioria das vezes não decidimos procrastinar, mas o fazemos involuntariamente. Vamos entender por que a gente procrastina?
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A procrastinação, longe de ser um fenômeno contemporâneo, tem raízes profundas no comportamento da humanidade. A busca por respostas sobre a razão pela qual nos procrastinamos ocupou os cientistas da antiguidade. Tendo sido discutida até mesmo nos diálogos filosóficos da Grécia Antiga, como evidenciado no trabalho “Protagoras” de Platão.
Entenda por que procrastinamos
Para entender o processo que nos leva a procrastinar é preciso olhar para a história evolutiva do cérebro humano. O córtex pré-frontal, evoluiu ao longo da história natural dos mamíferos, se tornando presente principalmente nos primatas, incluindo os humanos. Essa evolução está associada ao desenvolvimento de comportamentos mais complexos, como planejamento, tomada de decisões, interações sociais e regulação emocional. Porém, foi nos primatas que houve um notável aumento na complexidade e volume do córtex pré-frontal. Permitindo comportamentos e interações mais complexas entre esses indivíduos.
Já o sistema límbico, uma parte ancestral do cérebro presente em mamíferos, desempenha um papel crucial em várias funções. Emoções, memória e resposta ao estresse são originadas dele. Evolutivamente, surgiu antes do córtex pré-frontal e está associado a comportamentos mais primitivos, como a busca por alimentos, a reprodução e a resposta a ameaças. Composto por estruturas como o hipotálamo, amígdala e hipocampo, o sistema límbico é responsável por influenciar as respostas emocionais e motivacionais, muitas vezes desempenhando um papel fundamental na regulação do comportamento e na sobrevivência.
Sendo assim, quando nos deparamos com uma tarefa cotidiana como um trabalho da escola, um relatório corporativo ou até mesmo a escrita de um artigo sobre procrastinação, o córtex pre frontal entra em campo, organizando a casa para que nos preparemos para o trabalho. Porém, imediatamente o sistema límbico pode considerar aquela tarefa como algo desconfortável ou desagradável que vai nos colocar em perigo. Ele então toma a dianteira e nos leva a buscar coisas mais prazerosas.
Essa dinâmica entre duas regiões cerebrais tão importantes, cria um campo de batalha interno, onde o impulso imediato do sistema límbico muitas vezes triunfa, levando à procrastinação. Essa preferência biológica por recompensas imediatas e o adiamento de tarefas importantes são intrínsecos à natureza humana, o que deixa claro que a procrastinação não se origina simplesmente de hábitos preguiçosos ou incompetência. Mas essa preferencia por deixar as coisas para depois, apesar de recompensadora no curto prazo, traz bastante dor de cabeça no futuro.
Um estudo conduzido pelos Drs. Dianne Tice e Roy Baumeister, acompanhou o desempenho, o estresse e a saúde geral de um grupo de estudantes universitários ao longo do semestre. Enquanto os procrastinadores originalmente exibiam níveis mais baixos de estresse, no final do semestre, não apenas estavam mais estressados, mas também obtiveram notas mais baixas.
Paralelamente a essa análise científica, a procrastinação também é evidente nos escritos antigos, como as obras de Aristóteles, que conceptualizou a “akrasia” como a “fraqueza de vontade”. Porém, essa fraqueza de vontade, é, na verdade, uma força de vontade muito grande, mas para fazer outra coisa. Sendo assim, não se cobre demais durante uma crise de procrastinação, você se sentir diferente, seu cérebro está lutando uma batalha. Seja mais gentil consigo e busque alternativas para melhorar sua produtividade naquele momento.
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